A Portonave é o primeiro terminal privado de contêiner do Brasil. Nasceu em 2007 em uma operação em Navegantes, Santa Catarina. Hoje é o segundo maior movimentador de contêineres do Brasil.
O volume de cargas que transita dos pátios aos navios atracados no porto é grande. Mais de 1,2 milhão de TUs. Em linguagem de negócio, 60% da economia de Santa Catarina passam pela Portonave. Em linguagem de caminhão, uma média de 2.000 caminhões por dia, quantidade que pode chegar a 3.000 em ocasiões especiais. Nas palavras de Jardel Fischer, o mundo passa pela Portonave.
Justamente por isso a operação do porto não pode parar: a movimentação se dá 24/7. Mais que isso: a demanda está represada, e o volume transitado por via marítima tende a aumentar. Os portos atuam no limite de sua capacidade já.
Um dos desafios das áreas executivas está em aumentar e otimizar a capacidade operacional, sem ampliar a infraestrutura. A busca é por altos patamares de eficiência.
Palavra de ordem na realização desse propósito é tecnologia, não poderia ser outra senão ela, que caminha pari passu com a reengenharia dos processos.
Como a Portonave incorpora a tecnologia em suas operações e, acima de tudo, como isso aconteceu ao longo dos últimos anos?
Papel da tecnologia no porto: dependência é total
A dependência da tecnologia é total para a manutenção da estabilidade e disponibilidade da operação. Num terminal dependente da tecnologia, o impacto de qualquer parada de operação a nível sistêmico é muito alto e rápido, com efeitos físicos, como na via de acesso ao porto conectada à BR-101, que pode se refletir na cidade e até no estado.
“A TI na Portonave não é área de apoio, e sim estratégica. Qualquer coisa que parar, para a operação. Não sai uma pessoa, não sai uma carga, não sai um navio”, diz Jardel Fischer.
O principal sistema do porto é o TOS – Terminal Operating System, que controla a operação de contêineres do pátio ao navio e vice-versa. A empresa adota uma solução coreana de base, o que já foi uma inovação no mercado nacional.
Apesar disso, a solução não funciona como uma caixinha amarrada a um grande ERP. Continuar a otimizar é fundamental.
Para isso, a TI tem que transcender a sustentação, chegando ao apoio estratégico das áreas e ao desenho dos processos a fim de buscar a eficiência em pequenas mudanças. Pelo desenvolvimento, a equipe ajuda a mexer nos ponteiros do negócio, dá autonomia para quem está na ponta resolver o problema e aprimora o fluxo operacional. E se não desenvolve dentro de casa, vai para o mercado.
“A empresa reconhece que para ter esse diferencial competitivo, precisa investir. Não vai ter eficiência sem investimento. A capacidade no centro de pesquisa e desenvolvimento é muito grande. No Brasil não há uma área de TI estruturada como nós temos. E lá fora também. Somos muito rápidos. Se identificamos a oportunidade de tirar segundos de um processo, nós desenvolvemos isso rapidamente e entregamos”, conta Jardel Fischer.
Otimização: evolução em eficiência por meio da tecnologia deve ser contínua
“Em 2007 a Portonave se achava inovadora e digital. Comparada a outros terminais do Brasil, com certeza estava muito à frente. Mas muitas coisas que implementamos, também acabamos questionando ao longo dos anos. Com isso, em dezembro de 2011, chegou a Supero para nos ajudar em nossa transformação digital. E muitas mudanças construímos juntos”, conta Jardel Fischer.
Como diz Marco Ruthes, profissional da Supero presente no projeto desde o início, “acredita-se que tudo em tecnologia surge como um projeto de 3 meses. Você identifica a oportunidade de negócio, levanta os requisitos, valida o conceito, desenvolve e implanta. Mas na prática, quando você busca excelência operacional, esse trabalho é contínuo. As entregas vão acontecendo ao longo do tempo”.
Dentre os projetos que marcaram a otimização dos processos da empresa está o Connect, envolvendo todos os sistemas que orbitam o TOS. Sua primeira versão foi em 2011.
Em 2017, com a mudança de TOS, oriunda da descontinuidade do fornecedor antigo. A empresa iniciou a fase 3 do Connect.
“Nos vimos obrigados a aproveitar para fazer uma virada de chave. Foi radical, foi uma fase que nos jogou em outro patamar. Foi onde a gente de forma total virou referência para o mercado. Fazíamos 39 movimentos por hora. Terminais da Europa não faziam isso. Isso nos deu energia para fazer acontecer e girar”, relembra Jardel Fischer.
Inovação no interveniente abrindo as comportas da inovação no setor portuário
A inovação dos portos avança à medida que outros agentes do ecossistema estejam prontos para ela. Você tem um impacto de cadeia e na cadeia. O principal caso disso é o desenvolvimento das soluções dos intervenientes.
“Vemos ferramentas de integração, por parte do governo, vêm sendo liberadas. Antes tínhamos que acessar o sistema do governo porque não tinha uma API. Agora podemos nos integrar com esses sistemas”, comenta Jardel Fischer.
TI sendo o motor de eficiência operacional do porto
Hoje, na Portonave, um caminhão demora 7 segundos para fazer uma pesagem. Esse tempo já foi de 40 minutos. Entre balança, inspecionar até receber orientação para entrar e posicionar, o motorista demora 17 minutos.
Na prática, a performance dobrou, e sem papel. O ganho é em segurança e transparência também, diminuindo o risco de parada de operação.
A eficiência colocou a Portonave entre os três primeiros terminais do grupo a que pertence em termos de performance operacional. Receber 2.000 caminhões chegando é a rotina, e a empresa tem espaço para estressar essa operação.
A mudança se dá a nível cultural. A TI está dentro de todos os setores. Onde as oportunidades de automatizar um processo são percebidas, a equipe atua.
“Muitos terminais vêm nos visitar, nós visitamos muitos terminais, e quando pessoas de fora nos olham e nós mesmos olhamos essa produtividade e eficiência, saímos impressionados. Terminais de fora têm muito mais facilidade de aquisição de tecnologia. Mas nós estamos muito à frente em implantação e desenvolvimento de tecnologia”, resume Jardel Fischer.
Parcerias que fazem a diferença
Para Jardel Fischer, isso demonstra quão importantes são essas parcerias de longa data.
A Portonave construiu uma equipe com profissionais que conhecem na prática o que é uma operação portuária, na sua especificidade, dinamicidade e complexidade.
Isso permite que a inovação seja contínua:
“Nós nos achávamos inovadores, e éramos. Mas temos que mudar todo dia. Não é uma área, uma gerência, é todo mundo. Todo mundo tem que estar com o mindset da inovação. É uma cobrança muito grande da diretoria e do acionista. Claro que isso não é feito por si mesmo. Tem que estar calcado na nossa realidade”, complementa Jardel Fischer.
A operação do porto começa quando o navio atraca no cais. Depois que o navio deixa o cais da Portonave, ele sai da operação dela. Disso se segue que a mudança, para ser efetiva, em que ser em toda a cadeia.
Para ver mais sobre como a Portonave busca a eficiência operacional por meio de soluções em tecnologia, acesse a conversa que tivemos com Jardim Fischer e Marco Ruthes no APITalk.