Houve um tempo em que as organizações não precisavam de algo como uma estratégia de integração de sistemas. Não era necessário. Os sistemas eram poucos e os processos ainda eram pouco digitalizados. As integrações, apesar de importantes, eram uma questão secundária. Com isso, a tecnologia de integração usada era implementada projeto a projeto.
Com a transição para o universo SaaS, os grandes ERPs deram lugar a aplicações especializadas. Com isso, as organizações triplicaram, em alguns casos, o número de sistemas em uso. Mas não só: elas se tornaram movidas a dados.
O que aconteceu com as integrações? Elas passaram a ser urgentes e contínuas. A capacidade de integrar das empresas precisou escalar. Flexibilidade e resiliência se tornaram uma top prioridade. Segurança idem.
Com isso, de questão secundária, as integrações ganharam o centro das estratégias de transformação digital. E de uma lista de to-do, elas precisaram a ser pensadas de maneira abrangente e estruturada, dentro de um trabalho contínuo. Não dava mais para pensar em integração no escopo de cada projeto. Começamos a falar de estratégia de integração, do qual frameworks como o HIP do Gartner são bons exemplos.
Como é uma estratégia de integrações e o que ela precisa conter para ser útil para a organização? É o que veremos neste artigo.
O que sua estratégia de integração deve conter?
1. Uma visão de longo prazo
Como um trabalho contínuo, uma estratégia pensa para frente, é uma visão de futuro ou um norte.
Em uma estratégia de integração a principal pergunta é: qual é a visão de longo prazo do trabalho de integração da organização? Em uma pergunta: em que estado em termos de integração a organização quer estar a fim de gerar valor para stakeholders e clientes?
Há várias perguntas que podem surgir nesse processo, como:
- Há necessidade de modernização de integrações legadas?
- Há demanda por novas abordagens de integração?
- Os setores têm necessidade de alavancar seu empoderamento em integração?
2. Uma abordagem de melhoria
Integração se tornou um trabalho contínuo dentro das organizações. Porém, muitos times de TI ainda veem a integração como uma coisa que se faz de projeto em projeto e uma vez só e pronto, não se fala mais nisso.
Mudar esse mindset significa ver a integração como uma habilidade central da TI, que deve escalar, melhorar e amadurecer constantemente.
E então o investimento em integração será contínuo.
3. Envolvimento das áreas de negócio
O road map de integração precisa refletir a realidade da organização. Uma integração a que as áreas de negócio não deem valor ou não utilizem para melhorar o seu trabalho é falha.
Uma estratégia de integração não é uma estratégia apenas de TI, e sim de negócio. Essa interdisciplinaridade ajudará a identificar o que tem relevância.
Trabalhar a conexão, a colaboração e o trabalho conjunto entre TI e áreas de negócio proporcionará grandes ideias para uma estratégia de integração completa e, acima de tudo, manterá a estratégia de integração unida à estratégia de negócio.
Como formular uma estratégia de integração?
Uma estratégia começa pelo entendimento de onde estamos, para depois chegar ao onde queremos estar e ao como vamos chegar lá. Mas como isso se materializa em uma estratégia de integração?
Veja o que se perguntar ao formular uma estratégia de integração, por domínio:
1. Mapeamento de novos domínios de integração
A integração de sistemas é o case mais tradicional de integração. Dentro de uma estratégia, ela tem lugar fundamental. Para além da criatividade na hora de pensar em possíveis formas de conectar os vários sistemas da organização de modo a automatizar processos manuais, você deve considerar:
- Quantos softwares estão ativos em cada departamento e como eles estão sendo usados?
- Quais são as conexões entre essas aplicações e os sistemas estabelecidos?
- Os sistemas são internos ou externos?
- Qual o propósito da conexão?
- Quais as restrições?
- Quais são os endpoints?
Não dá para subestimar esse trabalho. Tem sido maior a falta de envolvimento da TI na aquisição de soluções, o que dificulta a criação de um inventário de aplicações. Da mesma maneira como a troca de aplicações é muito mais rápida, pedindo ajustes rápidos em termos de integração.
2. Performance das integrações atuais
Ligado ao onde estamos, essa é uma fase de avaliação. É fundamental adotar métricas de integração que permitam monitorar e determinar, antes, durante e depois das mudanças o andamento do trabalho.
Exemplos de métricas:
- Tempo de desenvolvimento da integração
- Custos operacionais
- Falhas de integração
- Satisfação dos usuários
- Lead time do processo integrado
- Nível de adoção de aplicações.
3. Objetivos
Tendo a visão de como está o ecossistema de integrações atual e de que domínios de integração estão em jogo no futuro, a organização tem condições de traçar seus objetivos, isto é, de determinar o que quer realizar por meio de integrações e, evidentemente, como medir esse sucesso.
Isso pode se materializar em objetivos específicos como:
- Transformação de APIs em modelo de negócio
- Criação de um centro de excelência em integração
- Modernização de integrações legadas
- Novas abordagens de integração, com upgrade ou ampliação do uso de plataformas
- Empoderamento de setores específicos em integração
- Construção de competências em integração.
4. Road map
O que precisa acontecer para que os objetivos traçados se tornem realidade? Quais as prioridades?
O road map vai transformar os objetivos em projetos, especificando tudo o que precisa ser feito, quem o fará e como será medido.
5. Ferramentas
Conectividade ponto a ponto pode ter resolvido – e ainda estar resolvendo – muitas integrações da sua empresa, mas em um cenário em que várias conexões vão ser criadas será a melhor opção?
Se a organização precisa de escala, a organização deve olhar para o mercado a fim de identificar que soluções atendem esse objetivo.
6. Conscientização
Integração não é só um produto ou tecnologia, nem apenas um endpoint integrado em um único projeto.
Uma estratégia, por necessária que seja, poderá encontrar resistência. Essa resistência não pode ser negligenciada. Pelo contrário, ela deve ser considerada. Isse é o primeiro teste de uma estratégia de integração, e pode ser uma fonte de melhorias.
Ao mesmo tempo, é preciso identificar evangelistas nas equipes. Contar com a influência de quem embarcou na estratégia será particularmente valioso para disseminá-la entre céticos.
7. Prova de conceito
Quando se trata de estratégia, é mais fácil dizer do que fazer. Pode ser simples determinar por que uma estratégia de integração é necessária no contexto atual, mas em virtude desse mesmo contexto pensar a longo prazo e colocar em prática uma estratégia é mais complicado.
Por isso, ao fazer uma estratégia integração, é preciso testar se ela funciona no mundo real. Isso pode ser feito por meio de provas de conceito em parte do ecossistema.
Ao ampliar o escopo do projeto, a atenção continua: o trabalho não terminará assim que ele estiver feito. Monitoramento e manutenções fazem parte do dia a dia das integrações.
Estratégia de integração: desenhe um futuro integrado
Integrações saíram das margens para o centro das transformações digitais. Isso está fazendo as organizações a pensar estrategicamente sobre como executá-las.
Traçamos o que uma organização precisa considerar ao formular a sua estratégia e o passo a passo que garantirá que esses itens sejam considerados de fato.
Você está desenhando um futuro integrado para sua empresa?