Imagine reduzir 30% nos custos operacionais. Não é pouca coisa. Tanto que tampouco é por acaso que, segundo o Gartner, até 2026, cerca de 75% das organizações terão adotado alguma forma de hiperautomação, fomentando um mercado global estimado em US$ 270,63 bilhões até 2034, o que significa uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 17,04%.
A necessidade de eficiência operacional e redução de custos têm sido suficientes para justificar o investimento, mesmo que ele seja inicialmente alto, por envolver a combinação e integração de tecnologias avançadas como IA e machine learning a processos de negócio, e a integração de tudo.
Mas o que está por trás da hiperautomação? O que esse conceito tem diferentes da automação tradicional e como funciona? Quais os casos de uso já consolidados no mercado?
Veja aqui!
O que é hiperautomação?
O Gartner define hiperautomação da seguinte forma:
Hiperautomação é uma abordagem orientada a negócios que as organizações utilizam para identificar, avaliar e automatizar rapidamente o maior número possível de processos de negócios e de TI.
Na hiperautomação há uma radicalização do conceito de automação. Ela visa não apenas uma tarefa isolada, dentro de um único sistema, mas várias tarefas, entre vários sistemas e setores. Em todo road map de hiperautomação existe um olhar mais amplo sobre a cadeia de ações que levam as entradas de um processo às saídas esperadas.
Vamos aprofundar essa definição contrastando a hiperautomação da automação tradicional.
Diferenças entre automação tradicional e hiperautomação
A hiperautomação e a automação são diferentes em inúmeros aspectos. Vejamos os principais.
- Objetivo de negócio: a automação tradicional visa a eficiência e eficácia em atividades isoladas, geralmente operacionais. Já a hiperautomação tem um enfoque estratégico, fazendo parte de um road map mais amplo de transformação digital.
- Escopo e abrangência: enquanto a automação tradicional visa a automação de tarefas ou processos específicos e repetitivos, geralmente isolados, a hiperautomação tem uma abrangência maior, visando processos complexos.
- Tecnologias: a automação tradicional geralmente é viabilizada por meio de tecnologias mais simples, como RPA. Já a hiperautomação pode lançar mão de recursos complexos combinados (veja mais abaixo).
- Capacidade de tomada de decisão: a automação tradicional trata da execução automatizada de ações predefinidas, de acordo com regras estabelecidas. Isso significa que ela responde de maneira padronizada a casos pré-determinados, sem se adaptar a mudanças. A hiperautomação, por usar tecnologias complexas como inteligência artificial e machine learning, aprende e se adapta para modificar seu comportamento, levando a decisões possivelmente diferentes.
Como funciona a hiperautomação?
Para haver hiperautomação, segundo o Gartner, é necessário o uso orquestrado de múltiplas tecnologias, ferramentas ou plataformas, incluindo:
- Inteligência artificial (IA)
- Machine learning
- Automação robótica de processos (RPA)
- Gerenciamento de processos de negócios (BPM) e suites inteligentes de gerenciamento de processos de negócios (iBPMS)
- Plataformas de integração como serviço (iPaaS) e outras ferramentas de desenvolvimento low-code/no-code
- Softwares prontos para uso e outros tipos de ferramentas de automação de decisões, processos e tarefas.
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Desafios da hiperautomação
Em uma primeira análise poderíamos pensar que os desafios da hiperautomação são tecnológicos, mas vão além destes, envolvendo os processos em si, a cultura organizacional e questões de governança.
- Complexidade na integração de tecnologias: a hiperautomação exige a integração de várias tecnologias. A existência de sistemas legados somada à falta de padronização e compatibilidade dos dados e processos pode demandar um grande trabalho de engenharia.
- Governança: é muito fácil, diante de múltiplas tecnologias implementadas, cair em uma falta de controle sobre os dados, perdendo a total visibilidade e rastreabilidade sobre o que está sendo automatizado.
- Segurança de dados e conformidade: o tratamento de dados sensíveis (como informações de clientes, financeiro e outras) aumenta o risco de acesso indevido a informações e outras violações ligadas à segurança e privacidade de dados, além de se tornarem possíveis portas para possíveis ataques cibernéticos.
- Resistência à mudança cultural: quando a companhia se propõe a uma transformação digital profunda de seus processos, é esperado que o papel das pessoas mude, levando à insegurança.
- Road map de automação: o escopo, os processos e as atividades que serão automatizadas devem ser bem selecionados, assim como toda a transição para seu novo estado. Nem todo processo é adequado para ser automatizado. É preciso auditar e, eventualmente, redesenhar processos para a automatização.
- Custos da hiperautomação: um plano de hiperautomação demanda investimentos altos iniciais e contínuos, exigindo um planejamento consciente do impacto financeiro de mudanças, antes de que sejam implantadas.
10 casos de uso de hiperautomação
Existem processos que se adequam bem à hiperautomação, como os que envolvem o tratamento de dados, aplicações de regras padronizadas, integração de dados entre sistemas e potencial de tomada de decisão com base em dados. Por isso, existem casos já bem documentados de hiperautomação.
Setores como manufatura, financeiro e varejo estão entre os que mais adotam a hiperautomação.
Vejamos alguns de uso:
1. Contas a pagar e a receber: automação de leitura de faturas via OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres) + RPA para lançar os dados no ERP + tecnologia para prever vencimentos críticos.
2. Análise de crédito: IA analisa histórico do cliente, risco de inadimplência e sugere limites de crédito.
3. Recrutamento e seleção: triagem de currículos com IA, agendamento de entrevistas, envio de testes.
4. Gestão de desempenho: plataformas integradas com análise de metas, feedbacks e sugestões personalizadas de desenvolvimento.
5. Gestão de vendas de varejo, e-commerce ou marketplace: integração de venda em múltiplos canais, com atualização de estoques, cadastro de cliente, processamento da venda e logística.
6. Gestão de pedidos e estoque: reposição com base em demanda preditiva (IA), integração com fornecedores e ERPs.
7. Roteirização de entregas: algoritmos otimizam rotas com base em trânsito, janelas de entrega e restrições logísticas.
8. Chatbots com IA generativa: atendimento 24/7 com linguagem natural e integração com bases de conhecimento.
9. Provisionamento de infraestrutura de TI: configuração de servidores, acessos e ambientes em nuvem com base em políticas.
10. Análise de logs e prevenção de falhas: ML aplicada à identificação de padrões anômalos.
O papel da integração de sistemas na hiperautomação
Sem integração, qualquer road map de automação vai ficar restrito a tarefas dentro de um único sistema. A integração de sistemas é um dos pilares da hiperautomação, pois é ela que estará por trás da comunicação entre diferentes sistemas e dados e do encadeamento das ações de um fluxo de trabalho, eliminando os silos entre eles.
Com integração, um processo que começa no sistema A (p.ex.: entrada de pedido no e-commerce) pode disparar ações em vários outros sistemas, como o faturamento no ERP, a logística em um WMS e TMS e os dados do cliente no CRM.
Integrando com um iPaaS
O iPaaS (Integration Platform as a Service) para integrar múltiplos sistemas, aplicações e dados, com o mínimo de código. Ele substitui integrações manuais, scripts e conectores isolados por uma plataforma composta por:
- Conectores prontos para uso
- Orquestração visual
- Automação disparada por eventos
- Monitoramento e governança
- Escalabilidade e resiliência.
Além da facilidade para o desenvolvimento das integrações em si, o iPaaS funciona como uma central das integrações da organização, facilitando o gerenciamento, a governança e o monitoramento contínuo das integrações acionadas.
Hiperautomação: complexidade e escala sem perda de performance
Se a automatização já era um aliado e tanto para garantir a eficiência em ambientes complexos ou em escala, a hiperautomação é um passo além disso, orquestrando processos inteiros para que operem com menos necessidade de intervenção humana.
Um road map de hiperautomação, como vimos, não é, no entanto, uma iniciativa setorial e isolada. Ele demanda a coordenação de esforços a nível corporativo, tanto para um mapeamento de altíssimo nível dos processos e suas interconexões quanto para a identificação das oportunidades de automatização, seleção de tecnologias de integração e automação, e ainda o processo de implantação e transição.