Vivemos em uma era onde a velocidade da mudança é exponencial, e a incerteza é constante. Nesse cenário, a inovação e a tecnologia deixaram de ser opção para ser um must-have para o sucesso e a sobrevivência das empresas. A inovação não é mais um luxo, mas sim uma necessidade urgente para se manter relevante.
Os dados referendam essa tese. De acordo com o relatório Global Innovation Index 2021, publicado pela WIPO (World Intellectual Property Organization), a inovação desempenha um papel crucial no crescimento econômico sustentável e na competitividade das empresas. Países e empresas que investem em inovação tendem a ter um desempenho econômico mais robusto.
O Brasil ganhou cinco posições em 2024 e se consolidou no grupo de economias que mais melhoraram o seu desempenho no IGI nos últimos quatro anos.
Um estudo da consultoria McKinsey revelou que empresas que adotam tecnologias inovadoras tendem a aumentar sua produtividade em até 10 vezes mais do que aquelas que não o fazem.
Dados da PwC trazem que 61% dos CEOs acreditam que a inovação é um fator-chave para a diferenciação.
Se a inovação já é o normal, e não o extraordinário, como se traz esse pilar para o centro da estratégia?
A inovação a partir de seus horizontes
De acordo com Toni Emanuel Marques, Head de Inovação e Tecnologia da Cassol, a inovação não deve ser olhada de maneira única. É preciso entender que inovação não se dá apenas de uma forma.
Para ele, temos que entender o horizonte de inovação em três perspectivas. E uma empresa não estará inovando menos se não atender esses três pontos de uma vez.
A primeira perspectiva é a de melhoria interna, pensada no bojo do que a organização já faz. Melhorias nos processos são fundamentais para alcançar alto desempenho e impulsionar a inovação em estágios mais profundos em uma organização. Essas melhorias envolvem a revisão e otimização de fluxos de trabalho, procedimentos e práticas operacionais para aumentar a eficiência, reduzir custos, minimizar desperdícios e aumentar a qualidade dos produtos ou serviços entregues.
A segunda perspectiva da inovação tem a ver com um movimento mais sinérgico com o negócio atual. Você vai mexer estruturalmente dentro de processos da organização com foco em um incremento substancial em resultados.
Já a terceira é a inovação totalmente disruptiva e diferente, que pode dar origem a um novo modelo de negócio para a organização e até a uma nova empresa.
“Na Cassol, temos olhado muito para o primeiro horizonte, para oportunidades de eficiência operacional. A partir do que temos dentro de casa, nos perguntamos o que podemos fazer melhor. Naturalmente você precisa mexer em processos e sistemas, e respirar um pouco do negócio.”
Isso nos leva ao segundo ponto para integrar a inovação à estratégia.
A inovação e sua conexão com o negócio
Se inovação já foi considerada uma questão essencialmente tecnológica, essa não é mais a realidade. Ao contrário. Quem quer inovar, precisa estar imerso no negócio da organização.
No entanto, é comum que as iniciativas de inovação sejam setoriais. Isso pode ser um problema se elas não tiverem relação umas com as outras. As ações locais até podem produzir efeitos positivos, porém elas não são sentidas globalmente em toda a sua força se não forem alinhadas às necessidades do negócio.
Para articular a inovação com a estratégia do negócio, será preciso envolver não apenas o C-level, mas principalmente a média gestão, desde o planejamento até a execução das iniciativas em transformação digital.
“Tem que haver muito conhecimento do negócio. Você precisa de uma visão sistêmica, para saber onde tem que atuar, onde tem que priorizar, porque tem muitas demandas. Logo, você também não vai conseguir agradar todo mundo. Cada departamento tem suas dores e acredita que ela precisa ser resolvida. Você tem o papel de traduzir a sua estratégia em projetos alinhados para onde a empresa está indo.”, diz Toni Emanuel Marques.
A inovação a partir da gestão
O gerenciamento de projetos inovadores também entra na conta no sucesso da sua adequação ao planejamento estratégico, uma vez que a inovação se dá lado a lado com as rotinas da organização, o que pode afetá-la negativamente.
De acordo com a pesquisa Pulse of the Profession, do PMI, as organizações que valorizam o gerenciamento de projetos eficaz têm 38% mais probabilidade de atingir seus objetivos e 33% menos probabilidade de desperdiçar recursos financeiros.
Mas não é o que acontece. A mesma pesquisa aponta que 11,4% do investimento em projetos é desperdiçado devido a uma má gestão, destacando a necessidade de habilidades sólidas de gerenciamento de projetos complexos.
Ainda de acordo com o Project Management Institute (PMI), 70% dos projetos falham devido à falta de comunicação eficaz, liderança fraca e falta de apoio executivo. Isso destaca a importância crítica da liderança eficaz em projetos desafiadores.
“Você tem que ser flexível e criativo, para aproveitar o melhor de todos os mundos. Mas sempre levando em consideração que você tem um taxímetro rodando”, diz Toni Emanuel Marques.
Nem todas as empresas têm uma equipe de desenvolvimento interna e capacidade para inovar. Quando você tem uma empresa menor, pode estar tudo centrado em apenas uma pessoa.
“Em algum momento você vai precisar separar o time de inovação da operação do dia a dia. Times pequenos precisam achar soluções, mas muitas vezes são absorvidos pela rotina. Tentar misturar a operação com inovação em projetos inovadores é um desafio. Você sempre vai ter a priorização das demandas do dia a dia. Os líderes precisam mostrar que seus projetos de inovação trazem resultados. Temos que saber nos comunicar com públicos diferentes, para imbuí-los desse senso de propósito. Temos que ter a habilidade de desenvolver as pessoas e deixá-las com sede de conhecimento. Você precisa também saber gerenciar, com gestão ágil”, finaliza Emanuel Marques.
A capacidade de gerenciar bem projetos de inovação toca o engajamento das pessoas. De acordo com Toni,
“Você precisa conectar as pessoas ao negócio. Por mais que você ache que elas estão próximas, elas naturalmente vão estar mais conectadas com a operação porque a operação tem que funcionar muito bem, isso é mantra. Então, você precisa repetir para que as pessoas entendam qual é o propósito delas dentro da companhia”, enfatiza Toni Emanuel Marques.s recursos já disponíveis e incorporação de recursos novos, como inteligência artificial.
Inovação: um caminho sem volta para o mercado
Como vimos, inovar é uma necessidade para o crescimento sustentado num mundo complexo. Mas ela pode assumir diferentes profundidades – nenhuma delas trivial – para se conectar de fato ao negócio.
Ressaltamos aqui os aspectos sistêmicos e gerenciais, que vão amarrar cada projeto ao planejamento estratégico da organização e, mais do que isso, garantir a devida identificação, priorização, competência, execução e resultados de projetos inovadores.
Para continuar a se aprofundar neste tema assista o episódio completo do nosso APITalks, que recebeu Toni Emanuel Marques, Head de Inovação e Tecnologia da Cassol, para conversar com você!